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Eu sou o mensageiro : quando se confunde mensageiro e mensagem.

domingo, 27 de julho de 2014

Produzido por

 Letícia Raiane Schranck, 
acadêmica do quarto período de Psicologia da PUCPR campus Toledo.

Livro "Eu sou o mensageiro" de Markus Zusak


“às vezes as pessoas são bonitas.
Não pela aparência física.
Nem pelo que dizem.
Só pelo que são” 

Alguns livros têm a impressionante capacidade de mexer com a gente, nos prender na história mesmo depois que as páginas do livro terminam.  Esse foi o meu primeiro pensamento ao terminar o livro de Markus Zusak que consegue trazer leveza, diversão e questionamentos internos no livro “Eu sou o mensageiro”.  Fiquei me perguntando por que esse livro não fez tanto sucesso quanto “A menina que roubava livros”, talvez porque são contextos completamente diferentes, assim como o vocabulário utilizado, mas o fato é que os dois prendem a atenção do começo ao fim, te fazendo conhecer lugares, pessoas e verdades diferentes das suas.

     “Meu nome completo é Ed Kenney. Sou taxista, tenho 19 anos. Não sou nada diferente dos outros jovens daqui destes subúrbios – não tenho lá muitos planos pro futuro, e as possibilidades são poucas. Tirando isso, leio mais livros do que deveria, sou um zero à esquerda na cama e não entendo nada de imposto de renda. Prazer.”           
O livro traz Ed Kennedy como mensageiro, de forma não opcional, encarregado de ajudar pessoas, que muitas vezes ele nem conhece, fazendo com que tenha que descobrir primeiramente o motivo pelo qual essas pessoas necessitam de sua ajuda. Através de cartas de baralho anônimas ele recebe os endereços, ficando por sua conta a maneira como lidar com as situações. E é claro, ele transforma todas, de forma anti-heróica, em grandes aventuras.

Ás de Ouro:  Rua Edgar, 45; Avenida Harrison, 13; Rua Macedoni, 6.
Ás de Paus: Faça uma oração nas pedras de casa.
Ás de Ouro: Graham Greene; Mórris West; Sylvía Plath
Ás de Copas: A Malla; Dívidas de Sangue; A princesa e o Plebeu
Coringa.

           Após cada missão fica claro que a ajuda não traz benefícios somente a quem é ajudado. Ed Kennedy amadurece após passar por cada endereço e ver a vida das pessoas mudarem com suas pequenas ações.
                 Mas o livro não trata de ajudar apenas pessoas estranhas, Markus Zusak é inteligente ao colocar o ás de copas como a carta que indica os nomes de seus amigos como os próximos a serem ajudados. Ed demonstra certo nível de dificuldade em saber qual é a mensagem dessa vez. Porque mesmo estando quase todos os dias na companhia de seus melhores amigos, ele não sabe exatamente onde eles precisavam de ajuda.
              Você pode até se perguntar, “como assim? São seus amigos e você não sabe o que os aflige?”. Exatamente. Ed, assim como a maioria dos mortais, não sabia quais eram os tormentos de seus amigos. E esse é um dos pontos fortes do livro, quando as máscaras caem, e você percebe que ajudar um amigo pode ser tão difícil quanto ajudar um completo estranho.


“ É inegável como a verdade pode ser brutal às vezes. Só da pra admirá-la.
Geralmente passamos a vida acreditando em nós mesmos. “Eu to bem”, dizemos. “Ta tudo bem”. Mas às vezes a verdade pega no pé e não tem santo que a faça desgrudar. É ai que percebemos que às vezes ela não chega a ser uma resposta, mas sim uma pergunta.”

              O forte do livro é a questão do Autoconhecimento, cada nova mensagem fazia com que Ed se conhecesse e acreditasse mais em si mesmo. Quem esta por trás das cartas é um enigma o livro inteiro, e por mais que cada carta trouxesse medo e ansiedade, Ed soube reconhecer que elas mudaram sua vida também, para melhor.
                 E se você não quer spoiler sobre o final do livro, sinto muito em informar que eu o utilizei logo no título. Muitas vezes confundimos mensageiros com mensagem, vemos o mensageiro apenas como mensageiro. Como se um ato bom fosse somente daquela pessoa que o praticou. Mas a verdade, a real mensagem, é que todos podem ser bons e, com ou sem cartas indicando quem ajudar, podemos mesmo assim estender as mãos.
Enfim, o que eu quis dizer sobre o livro, e provavelmente o que o livro quis dizer sobre si é: se Ed Kennedy conseguiu ajudar tantas pessoas, por que você não poderia?


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